A noite vive só e desesperada, esperando pelo seu par.Ele chega por fim e dançam amantes, presos nos enleios do desejo!Não te percas tu em divagações, esperando por amores há muito perdidos.Deixá-los pra trás é o remédio para as feridas que um dia te abriram no peito, hoje ensanguentado e ansioso por alento.Não me peças que seja a salvação, não o poderei ser, pois nem para os meus males encontrei eu a resposta.Para oferecer -te tenho tão pouco, sendo aquilo que de mais valioso tenho: sorrisos.Ah, sorrisos...tantos tenho presos no rosto, mesmo quando a minha vontade é gritar. Sou como a noite, sem par, que espera, espera e desespera!Hoje vivo os meus dias encarcerada nesta casa, incapaz de abandonar estas paredes, esta cama, tão vazia de ti e de nós.Vazia jaz agora esta alma, com a certeza de que o amanha será um novo dia.Sem ti tudo é mais claro, contigo sou fragmentos dispersos de uma ilusão infantil.Há muito deixei morrer as ilusões e não as quero de novo. Abomino-as como o demónio abomina a cruz.Não te amo...quero te somente num querer simples e cru!Esta bem-querença é o meu bem e o meu mal.Ergo esta voz, cantora de vaidades e de sonhos, cansada de gritar á desventura.Sou feliz, sou completa e não quero gostar de ti, não quero gostar de nós.Abandona-me de uma vez e não voltes a olhar-me com desejo."Amanha" é o dia em que me vou, e não olharei pra trás.
Vanessa Lopes
