segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Gente não lê...


Ai Senhor das Furnas

Que escuro vai dentro de nós,

Rezar o terço ao fim da tarde,

Só pr'a espantar a solidão,

E rogar a Deus que nos guarde,

Confiar-lhe o destino na mão.

Que adianta saber as marés,

Os frutos e as sementeiras,

Tratar por tu os ofícios,

Entender o suão e os animais,

Falar o dialecto da terra,

Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.

E do resto entender mal,

Soletrar assinar de cruz,

Não ver os vultos furtivos,

Que nos tramam por trás da luz.

Ai senhor das furnas,

Que escuro vai dentro de nós,

A gente morre logo ao nascer,

Com os olhos rasos de lezíria,

De boca em boca passando o saber,

Com os provérbios que ficam na gíria.

De que nos vale esta pureza,

Sem ler fica-se pederneira,

Agita-se a solidão cá no fundo,

Fica-se sentado à soleira,

A ouvir os ruídos do mundo,

E a entendê-los à nossa maneira.

Carregar a superstição,

De ser pequeno ser ninguém

Mas não quebrar a tradição

Que dos nossos avós já vem.



Música linda que me embelezou uma manhã de trabalho. Descobria-a por andar a procurar músicas da Isabel Silvestre, minha cantora de eleição. A voz que me faz sonhar e as letras que me transportam por dimensões únicas.

Uma linda música nunca é demais para alegrar uma alma que de alento está necessitada!

1 comentário:

Beltane disse...

gosto muito da letra, nao conheço a musica mas ate estou curiosa. :P beijinhos munina linda